quarta-feira, 30 de julho de 2014

Trilogia Jogos Vorazes (resenha)

Trilogia Jogos Vorazes
Autoria: Suzanne Collins
Editora: Rocco
Nota: 4,5 estrelas
Sinopse: Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte! Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta a ir para ser vitoriosa nos Jogos Vorazes? (Esta sinopse é do primeiro volume, mas acredito que seja a mais importante para que se entenda a premissa dos três livros, sem spoilers).

Avaliação: Pretendo falar da trilogia como um todo, ao invés de resenhar cada um dos livros. Não pretendo dar spoilers e sim falar das minhas impressões a respeito da história e dos personagens.
Sei que muita gente já leu, mas também sei que sempre existem pessoas que ainda não leram e que procuram um bom motivo para ler.

"E que a sorte esteja sempre a seu favor"

Há alguns anos, quando lançaram o primeiro filme de Jogos Vorazes no cinema, eu assisti e amei. Mas mesmo assim, não queria ler os livros. Por um simples motivo: achei a história ótima nas telonas, mas nunca senti confiança de que esse tipo de enredo iria me agradar em páginas de livro. Somente no final do ano passado eu criei interesse em comprar o box para ler a trilogia completa logo de uma vez. E me surpreendi, pois não me arrependi. Superou até as minhas expectativas.

Longe de ser uma das melhores trilogias que já li, mas acredito que dentre as história do gênero, seja das melhores (gênero pra mim: distopia para adolescentes e jovens adultos).

“A esperança é a unica coisa mais forte que o medo”

Acredito que o enredo principal todos já conhecem, certo? Uma garota que toma o lugar da irmã para enfrentar os jogos vorazes, onde dois participantes de cada distrito (um homem e uma mulher) são escolhidos num sorteio para se enfrentarem numa arena até a morte. O ultimo que restar, o sobrevivente, terá dinheiro, casa e segurança para o resto da vida. Só que não é bem assim que acontece... E aí, só lendo pra saber o desenrolar da história.

Particularmente, eu preferi o segundo volume “Em Chamas”. Mas todos os três são bons, embora o terceiro “A Esperança” eu tenha achado um pouco monótono.

"Toda revolução começa com uma faísca"

Resolvi que preciso citar alguns motivos pelos quais você deve ler toda a trilogia:

1º Motivo: O enredo é bom. A história te prende, porque você fica naquela agonia de “será que a Katniss vai sobreviver? E o Peeta? E todo mundo?”. Mesmo eu tendo assistido ao primeiro filme antes do livro, a agonia ao ler foi intensa, como se eu não soubesse o final. Foi impossível não ficar nervosa com os acontecimentos.

2º Motivo: Katniss, a protagonista, me ganhou. Não morri de amores por ela, mas sabe aquela personagem bem construída? Que até irrita em vários momentos, mas você sabe que ela tem razão pra isso? Gostei da frieza da Katniss, da sua racionalidade, da sua coragem e da sua garra. Achei que ela era bem humana, imperfeita e em muitos momentos, egoísta. Mas gostei até de quando eu não gostava dela.

3º Motivo: Peeta! O que falar dele? Perfeito! Me apaixonei totalmente por ele. O menino carismático, apaixonado e inteligente. Pra mim, foi o melhor personagem da história inteira. Por mais perfeitinho que ele fosse, ainda assim ele me pareceu tão real quanto a Katniss.

4º Motivo: O triangulo amoroso que se formou, não foi aquela coisa chata como costuma acontecer. Mas acredito que isso tenha sido graças ao enredo geral do livro, que não tinha como foco o romance. O que nos leva ao 5º motivo...

5º Motivo: O romance não era o foco! Como eu não morro de amores por livros românticos, isso foi um ponto super positivo pra mim. Existia romance? Sim! E muito fofo, por sinal. Mas ainda assim, muitas outras coisas estavam em jogo, literalmente.

6º Motivo: Todos os personagens, no geral, foram bons. Nenhum com personalidade rasa. Nem todos tiveram muito foco, mas ainda assim pareciam reais, sinceros e cativantes (alguns nem tanto, mas alguns não tinham o objetivo de serem cativantes).

7º Motivo: A temática do livro nos faz pensar e refletir, como toda boa distopia.
O que mais? Nem sei... São muitos pontos positivos. Não consigo pensar em nenhum ponto negativo. Não são os melhores livros do mundo, mas pra quem procura uma boa história pra se divertir, eu super recomendo a trilogia Jogos Vorazes.  

"- Você me ama. Verdadeiro ou falso?
- Eu digo a ele: Verdadeiro."

No cinema, os filmes que lançaram foram bem fieis aos dois primeiros livros. Claro que numa adaptação, sempre acontece de alguns fatos não serem mostrados na telona ou serem mudados, né? Mas não acho que isso tenha atrapalhado em nada. Os personagens são muito bem interpretados, principalmente o Peeta! Que pra mim, o Josh nasceu pra fazer esse papel. Katniss também foi muito bem representada pela Jennifer, porque enfim... Jennifer é Jennifer.

Recomendo tanto os livros quanto os filmes. Só não sei pra que dividir o ultimo livro em dois filmes. Mas beleza. Já me sinto ansiosa por eles...

“Lembre-se de quem é o verdadeiro inimigo.”

Por: Mar


terça-feira, 22 de julho de 2014

Bridal Mask (resenha)


Bridal Mask
Título: 각시탈 / Gaksital
Também conhecido como: Bridal Mask
Gênero: Épico, Ação, Drama, Romance
Episódios: 28
Canal: KBS2
Período de Transmissão: 30 de maio à 06 de setembro
Baseado: Manhwa Gaksital de Huh Young Man
Direção: Yoon Sung Shik
Roteiro: Yoo Hyun Mi

Avaliação: Sabe quando você assiste algo e gosta tanto que chega a doer no coração? Só que ai não tem ninguém que você conheça que tenha assistido pra você surtar? Dói mais ainda. Esse é o caso de Bridal Mask. Assisto doramas há dois anos e até agora nenhum ganhou meu coração mais do que esse. E eu ainda estou na luta para que alguma das minhas amigas assista e possa surtar comigo. Mesmo assim, confesso que esse é um dorama que eu morro de medo de resenhar, pois acho que qualquer detalhe é um spoiler imenso. No entanto, vamos lá...

Bridal Mask conta a história de um herói mascarado que luta contra as injustiças numa época em que a Coréia do Sul sofria nas mãos dos japoneses. O que é bem interessante para conhecer um pouco do passado de uma cultura tão diferente da nossa.

Gaksital é o nome desse herói e como eu adoro super-heróis isso explica grande parte do amor que eu sinto por essa história. O dorama é imprevisível e os personagens maravilhosos. Todos os atores deram um show de atuação. Até os que eu odiava, eu amava. O que eu tinha vontade de matar no inicio, passei a amar de todo coração. E o que eu achava a coisa mais fofa do mundo eu passei a odiar. Um sentimento que oscilava entre amor e ódio, mas tudo bem.

Os cinco primeiro episódios, se não me falha a memória, são completamente diferentes do resto do dorama. As coisas mudam drasticamente. Mas eu não vou discorrer muito sobre isso, pois o melhor é assistir sem saber de nada.

Graças a Bridal Mask eu conheci um dos meus atores favoritos e talvez, um dos melhores atores coreanos. Joo Won, que eu já citei ele aqui no blog em duas resenhas, ganhou meu coração por causa desse dorama. Aliás, todos os atores de Bridal Mask dão um show à parte na atuação.


O romance, embora exista e seja muito fofo, não é o foco. Sei que a grande maioria dos doramas a gente assiste para torcer pelo casal principal e muitas vezes, até o secundário, né? Mas nesse aqui, por mais que a gente torça pelo Lee Gang To e pela Mok Dan, a gente acaba torcendo muito mais para que os coreanos vençam a guerra, para que as injustiças acabem, para que o Gaksital consiga vencer os inimigos.

Agora vamos nos aprofundar um tiquinho nos personagens... (e só um tiquinho mesmo, pois estou me esforçando para não dar nenhum spoiler e fazer com que quem for assistir, se surpreenda tanto quanto eu)

Lee Kang To (Joo Won): Policial, que apesar de coreano, trabalha para os oficiais japoneses e é visto pelo seu povo como um traíra, por isso é odiado. Kang To, ao longo dos 28 episódios (pois é, um dorama bem grandinho, mas que você não quer que acabe), é um personagem que muda muito. E sofre muito também. Ah! E faz muita gente sofrer.

Mok Dan (Jin Se Yun): Ela é filha de um revolucionário coreano, que é perseguido pelos japoneses. Mok Dan sonha em reencontrar o pai, mas sabe que é complicado. A garota acaba sofrendo muito nas mãos do Kang To, pois ele a usa e a tortura em busca de informações sobre seu pai. Mok Dan também trabalha em um circo, onde tem muitas outras pessoas interessantes que complementam o dorama, mas que eu não vou me estender falando de todos eles.

Kimura Shunji (Park Ki Woong): Eu tenho uma verdadeira adoração por esse personagem e pelo ator também, embora ainda não tenha assistido mais nada desse ator. Seu personagem era muito complexo e assim como o Kang To, ele também mudou muito no decorrer da história. De professor de criancinhas passou a policial. O ator deu um show de atuação com esse personagem. E o melhor era quando as cenas envolviam Kimura Shunji e Lee Kang To... Sem palavras para tanta perfeição.

Bridal Mask está cheio de cenas marcantes, todo episódio termina de um jeito chocante, o que faz você querer assistir um atrás do outro. Há muitas cenas fortes, como as torturas, as surras de graça que os japoneses dão nos coreanos, episódios que retratam as mulheres coreanas sendo convocadas para serem enfermeiras, quando na verdade, estão indo para a guerra para serem usadas sexualmente. Não é todo dia que uma novela asiática aborda assuntos tão fortes de um jeito tão explícito e intenso.


Há tantos personagens interessantes, que não posso me estender muito... Mas há um em particular que não posso deixar de citar... O Lee Kang San, irmão de Lee Kang To. Ele aparece como uma pessoa com problemas mentais. O ator Shin Hyun Joon que deu vida ao personagem é extraordinário na atuação.



Outro ponto forte era a trilha sonora, que eu amei! 

De verdade, Bridal Mask é meu xodó. E acho impossível alguém se arrepender de dar uma chance a esse dorama, porque ainda não inventaram um melhor. De todos que já assisti até hoje, esse ainda é meu favorito.



Para baixar: meteordramas (necessário cadastro) e viki




Por: Mar

sábado, 5 de julho de 2014

Dançando Sobre Cacos de Vidro (resenha)

Dançando sobre cacos de vidro
Autoria: Ka Hancock
Editora: Arqueiro
Nota: Cinco estrelas
Sinopse: Lucy Houston e Mickey Chandler não deveriam se apaixonar. Os dois sofrem de doenças genéticas: Lucy tem um histórico familiar de câncer de mama muito agressivo e Mickey, um grave transtorno bipolar. No entanto, quando seus caminhos se cruzam, é impossível negar a atração entre eles. Contrariando toda a lógica que indicava que sua história não teria futuro, eles se casam e firmam – por escrito – um compromisso para fazer o relacionamento dar certo. Mickey promete tomar os remédios. Lucy promete não culpá-lo pelas coisas que ele não pode controlar. Mickey será sempre honesto. Lucy será paciente. Como em qualquer relação, eles têm dias bons e dias ruins – alguns terríveis. Depois que Lucy quase perde uma batalha contra o câncer, eles criam mais uma regra: nunca terão filhos, para não passar adiante sua herança genética. Porém, em seu 11° aniversário de casamento, durante uma consulta de rotina, Lucy é surpreendida com uma notícia extraordinária, quase um milagre, que vai mudar tudo o que ela e Mickey haviam planejado. De uma hora para outra todas as regras são jogadas pela janela e eles terão que redescobrir o verdadeiro significado do amor. Dançando sobre cacos de vidro é a história de um amor inspirador que supera todos os obstáculos para se tornar possível.

Avaliação: Faz tanto tempo que não faço uma resenha, que nem sei como começar direito. Se começo pela sensação que o livro me deu ou como eu o adquiri.

Foi um funcionário de uma livraria quem me indicou Dançando sobre cacos de vidro. Ele falou que havia sido a história mais linda que leu e eu achei interessante, então comprei.

De fato, o cara tinha razão. Se não foi a mais linda que eu já li, então, com certeza fica dentre as mais lindas.

Mickey e Lucy possuem problemas, como todos os outros casais que se amam. Mickey é bipolar e, às vezes, passa um tempo numa clínica se recuperando de algum surto. Lucy teve câncer e o superou, mas vive com o temor de que um dia volte. Diante desses conflitos, resolvem criar regras para preservar o casamento. Uma delas é: nunca ter filhos, para evitar o sofrimento futuro de ver um filho bipolar ou morrendo de câncer.

''— Lucy, todo casamento é uma dança: complicada às vezes, maravilhosa em outras. Na maior parte do tempo não acontece nada de extraordinário. Com Mickey, porém, haverá momentos em que vocês dançarão sobre cacos de vidro. Haverá sofrimento. Nesse caso, ou você fugirá ou aguentará firme até o pior passar.''

Infelizmente... ou felizmente?... O esforço deles de não ter filhos vai por água a baixo quando, em uns exames de rotina, Lucy descobre que há um pequeno ser crescendo dentro de si. O mundo deles vira de cabeça para baixo e devem superar muitas coisas para terem essa criança.

''Um bebê. A ideia me alçou a um lugar totalmente desconhecido. Um lugar onde eu quase podia imaginar o pequeno peso de um bebê nos braços de outra pessoa, qualquer um, menos eu. Cabecinha, mãos e pés minúsculos, tudo novo para mim. Um bebê. Uma família. Nossa tentativa de imortalidade. 
Antes do câncer de Lucy, uma família era nosso projeto, indefinidamente adiado até que alcançássemos certa estabilidade. Depois, porém, ela adoeceu e o preço do câncer foi alto demais, nosso futuro pareceu precário para comportar filhos. Por isso decidimos que essa opção era impossível, ou foi o que pensamos. Voltamos do inferno para recuperar nosso equilíbrio, e a vida mais uma vez se transformou num porto seguro para duas pessoas. Até hoje. Hoje ela se tornou um porto de milagres.'' 

Eu não costumo ler sobre casais que já estão juntos quando começa a leitura. Então foi uma surpresa gostar tanto e me sentir tão atraída pela história. Sabe quando se começa um livro e deseja que nunca acabe, que dure eternamente?

Pois é essa a sensação. O amor deles é muito lindo. Faz com que qualquer um deseje algo assim, mesmo com todos os problemas. Cada cena fofa ou de superação, tocou o meu coração de uma maneira que raramente acontece.

Lucy perdeu os pais bem cedo, mas isso não a tornou revoltada ou temerosa com a morte. Muito pelo contrário! Jamais temeu a morte e possui até uma certa conexão com esta. É uma personagem bem singular, pois não teme ver quem ama partir, apenas deixar para trás àqueles que ama.

''Às vezes me pergunto se ele fazia ideia de que eu levaria sua sabedoria tão a sério. Mas, por causa dela, a morte, no fim das contas, não me apavora.''

''Agradeço a Deus todos os dias por termos superado isso, pois descobri que sou muito melhor em deixar partir do que em aceitar que me deixem partir.''

E Mickey... Sua mãe era bipolar também. Ele sabe que pode trazer sofrimento para aqueles ao seu redor e até tenta evitar se envolver com Lucy, mas o amor fala mais alto e logo se torna dependente dela, de sua confiança e de seu amor.

''— Eu me lembro de tudo daquela noite. Não dava para acreditar que você tinha me beijado. Não dava para acreditar que você tivesse me dado seu telefone.
—Por que não? Gostei de você.
...
— Você gostou dele.
— Gostei de você. Ainda gosto.
Ele me olhou com intensidade, e pensei que nunca havia conhecido alguém como Mickey Chandler. Ele era real e tinha um defeito grave. Não fingia perfeição. O pacote estava aberto, danificado e sentado ali, me encarando, e eu achei tudo incrivelmente reconfortante, ainda que um pouco assustador.''

A força de Lucy Houston é impressionante. Eu a admiro muito, pois ao estar certa do que queria, não se deixou influenciar e foi até o final, em cada uma de suas decisões. Ela soube dar força ao marido, conseguiu amá-lo mesmo em suas piores crises e o aceitou por completo.

''— Aprenda a ler nas entrelinhas. Assim que encontrar um homem que ame de verdade apesar de todos aqueles sintomas, guarde esse homem na memória. E saiba que esse homem às vezes desaparecerá.''

Todos os personagens são bem reais. A narrativa não gira apenas em torno do casal principal, também mostra os problemas enfrentados pelas irmãs de Lucy. Ninguém presente no livro é apenas um personagem simples e linear. Todos possuem sentimentos, passado, presente, problemas e tudo que torna alguém real.

Há muitos livros que focam apenas nas personagens principais, apenas em seus problemas e se esquecem que os secundários são tão importantes quanto e possuem sua própria vida que não gira, necessariamente, em torno das estrelas da história. Dançando sobre cacos de vidro é isso. As irmãs de Lucy possuem seus próprios dramas, suas próprias vidas e todos os outros que aparecem também são assim.

Eu poderia passar o dia escrevendo sobre Lucy, Mickey, Lily, Priscilla (irmãs de Lucy) e até sobre a Drª Barbee e o Drº Gleason (médicos de Lucy e Mickey, respectivamente), sem cansar e sempre acrescentando novas informações sobre cada um deles.

Dançando sobre cacos de vidro possui uma narrativa que ora está no presente ora está no passado. Também há uma alternação de narradores. Lucy narra a maior parte, mas Mickey tem seus momentos e isso nos ajuda a compreender sua mente e seus sentimentos para com as situações vividas. Podemos compreender a profundidade de seus sentimentos pela Lucy e vice e versa.

''No centro de sua loucura, no olho daquele furacão, estava o seu coração, aberto e ansioso. Por mim. Não pude me imaginar sem amá-lo. E não pude imaginar não ser amada por ele.
Naquele momento percebi que não valeria a pena viver sem Mickey Chandler. Eu o amava de todo coração. Mesmo com todos os seus problemas.''

Uma história de luta, de superação, de força e, principalmente, de amor, seja entre homem e mulher, seja familiar.

Recomendo demais o livro, pois o tanto que chorei, o tanto que me envolvi com o desenrolar me fazem dizer com certeza que esse livro ficará para sempre no meu coração.

Por: Mel

terça-feira, 1 de julho de 2014

A sombra do vento (resenha)

A sombra do vento
Autoria: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de letras
Nota: 5 estrelas e ao infinito e além
Sinopse: A Sombra do Vento é uma narrativa de ritmo eletrizante, escrita em uma prosa ora poética, ora irônica. O enredo mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo. 

Ambientado na Barcelona franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, o romance de Zafón é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Além de ser uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros, é um verdadeiro triunfo da arte de contar histórias. 

Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. 

Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em mãos pode ser o último existente. E ele logo irá entender que, se não descobrir a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles que ama poderão ter um destino terrível.

Avaliação: Acredito que resenhar esse livro de um jeito que lhe faça jus, é impossível. Mas tentarei me expressar da melhor forma possível.

Quando resolvi comprar numa promoção do submarino a trilogia do cemitério dos livros esquecidos, o fiz com certo receio. Não sabia bem do que se tratava os livros. As sinopses e algumas resenhas que eu tinha lido, por mais que exaltassem ao extremo as histórias de Zafón, o enredo me parecia simples demais para levar uma fama tão boa. Mesmo assim, resolvi comprar e um dia, peguei a sombra do vento para ler e tentar entender o que as pessoas viam de tão especial nas obras de Zafón.

Apesar da folha ser branca e tão fina que dá pra ver o que está escrito atrás, dificultando a leitura, isso não me impediu de ler páginas e páginas sem sentir. As primeiras 100 páginas mais ou menos ainda me deixaram apreensiva de “será que vai ser bom?”. Isso porque o autor conta a vida de Daniel Sempere até chegar no ponto chave onde o mistério acaba envolvendo o leitor e aí não tem mais volta. Você se descobre apaixonado pela narrativa e pelos personagens e não sabe direito como isso aconteceu. E por isso, você não sabe se lê rápido, se devora o livro ou se mastiga devagar, para nunca acabar.

O enredo gira em torno de Daniel Sempere, que um dia, quando criança, é levado pelo pai a conhecer o cemitério dos livros esquecidos, onde existem duas regras; a primeira é não contar a ninguém sobre o lugar. E a segunda é que a primeira vez que a pessoa vai até lá, tem direito de levar qualquer livro. E o cemitério é um lugar enorme, semelhante a um labirinto, onde existem lendas que algumas pessoas se perdem e não voltam mais. Enfim... Daniel escolhe um livro ou o livro escolhe o Daniel, como alguns gostam de pensar e ao levar para casa e ler a história, o garoto se vê envolvido a tal ponto que resolve procurar mais obras do autor Julián Carax. Só que ele acaba descobrindo que além de quase ninguém ter ouvido falar de Carax, os livros restantes do autor estão sendo todos queimados e destruídos ao longo dos anos. A partir desse cenário, acontecem muitos desdobramentos, muitos mistérios e suspense. Um suspense que beira ao sobrenatural. No entendo, não dá pra definir o gênero desse livro, porque tem de tudo um pouco. Romance, drama, mistério, suspense. E tudo arquitetado com maestria.

- Pois bem, esta é uma história de livros.
- De livros?
- De livros malditos, do homem que os escreveu, de um personagem que fugiu das páginas de um romance para queimá-los, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que moram na sombra do vento.”

Em A sombra do vento, além do enredo ser viciante, os personagens são apaixonantes. Me apaixonei pelo Daniel de um jeito que nem dá pra explicar. E Fermín Romero de Torres? O que era aquele homem? Simplesmente um dos melhores personagens já criados nesse mundo! Ele tornou-se o melhor amigo de Daniel e era ele quem dava um toque mais cómico e sábio à história. Era como se as partes em que Fermín apareciam tivessem algo de especial.

“As pessoas tendem a complicar as suas próprias vidas, como se a vida já não fosse suficientemente complicada.”

O interessante é que Zafón escreve de tal forma que faz com que o leitor visualize os personagens na sua forma real. Daniel, Fermín e todos os outros, são reais para mim. Eu penso no Fermín, por exemplo, mesmo depois de meses que li o livro, consigo lembrar do seu jeito de falar, do seu jeito de andar, do seu rosto e até da sua voz, mesmo sem lembrar das descrições impressas nas páginas do livro. Porque é como se eu não precisasse lembrar do que está escrito, já que eu conheço Fermín pessoalmente. Mesmo que eu de fato não conheça, nem remotamente, alguém parecido com ele. E o mesmo vale para o Daniel.

Zafón tem um jeito de escrever, de contar história, de criar suspense, que eu nunca vi igual e nem sequer parecido. Embora já ouvi ele sendo comparado com grandes escritores mais antigos. Ele escreve extremamente bem, sem que a leitura se torne chata, sem que as palavras sejam confusas, sem que você precise usar um dicionário. E ao ler, você nota naturalidade na escrita. Acho que por isso, o enredo flui como água. É como se ele fosse um gênio, mas sem o ego gigante. É como se ele nem se esforçasse, como se as palavras saíssem dele como o ar que ele respira e mesmo assim, é a coisa mais perfeita do mundo. E tudo isso eu senti só de ler A sombra do vento.

“O destino costuma estar na curva de uma esquina. Como se fosse uma linguiça, uma puta ou um vendedor de loteria: as três encarnações mais comuns. Mas uma coisa que ele não faz é visitas em domicílio. É preciso ir atrás dele.”

Há uma complexidade e ao mesmo tempo simplicidade quase palpável no enredo. E por mais palpável que seja, não é explicita. Existe algo inenarrável na linguagem dos livros do Zafón que nem parece desse mundo. As palavras, as frases, os diálogos e as descrições te envolvem sem que você perceba, ganham vida sem que você repare e com isso, te fascinam. Mas parece que você nunca vai saber exatamente o que te atingiu ou como o Zafón te fisgou daquela forma. Porque se você for ler fora do contexto, frases soltas, ele poderia ser comparado a um poeta como muitos outros. Mas no texto corrido, um capítulo após o outro, você percebe que não existe nada igual à escrita do Zafón e suas histórias. Creio que só quem vai entender o que eu estou dizendo, é quem já leu e gostou tanto quanto eu.

A sombra do vento é o tipo de livro que se você me diz que leu e não gostou, então eu vou achar que você é louco ou que você ainda precisa ler muito livro pra ter a sensibilidade de perceber o quão magnífica é a escrita do Zafón e que nada que ele escreva fica mais ou menos, simplesmente porque ele é um escritor com todas as pompas e com “E” maiúsculo e eu sinto que mesmo que um dia eu venha a ler um enredo pobre, eu ainda vou me apaixonar pelas palavras dele.

“- A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e digo-lhe que bastarão três ou quatro gerações para que as pessoas não saibam nem dar peidos por sua conta e o ser humano regresse às cavernas, à barbárie medieval e a estados de imbecilidade que a lesma já ultrapassou lá para o Plistoceno. Este mundo não morrerá de uma bomba atómica, como dizem os jornais, morrerá de riso, de banalidade, fazendo uma piada de tudo, e aliás uma piada sem graça.”

Enfim, claro que não vou realmente julgar ninguém que tenha odiado A sombra do vento ou qualquer outro livro do Zafón, eu simplesmente não vou entender essa pessoa, mas tudo bem.

No mais, na minha humilde opinião, leia todos os livros do Zafón. Ainda não li todos, mas pretendo ler tudo que for publicado dele, sem o menor medo de me decepcionar. Para mim, ele é o melhor escritor da atualidade. Ainda não conheci nenhum outro que sequer se aproximasse da genialidade dele.

Pra finalizar, eu só fico imaginando se na tradução eu sinto e percebo tudo isso,  como não deve ser em espanhol, na versão original...

“Os tolos falam, covardes se calam, os sábios ouvem.”


Por: Mar
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