quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Um dia (resenha)

Um dia
Autoria: David Nicholls
Edição: Intrínseca
Nota: 5 estrelas
Sinopse: Dexter Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro.

Os anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas - vidas muito diferentes daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária relação entre os dois.

Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho. Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas, risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria vida.


Avaliação: Honestamente, não sei nem por onde começar a resenha.  Mas creio que a melhor forma é dizendo: Dex e Em. Em e Dex. Eles se conhecem no fim da década de oitenta, quando ambos se formam na faculdade. Ela é a nerd e com a autoestima baixa e ele o garotão farrista, de boa família e com autoestima de sobra. Enquanto ela sabe o que quer ser da vida, ele não faz a menor ideia. Eles conversam bastante no dia em que se conhecem e depois, mesmo seguindo rumos diferentes, a comunicação continua por cartas. E dessa forma, surge uma das amizades mais lindas que eu já li.

Cada capítulo do livro corresponde a um ano que se passou desde o dia que Dexter e Emma se conheceram. Antes de ler, eu pensava que os capítulos mostravam a vida dos dois juntos durante os vinte anos que sucedem ao dia a formatura. Porque eu acreditava, como muitos acreditam, que o livro se tratasse de uma história de amor. Só que eu estava muito enganada. É bem mais do que isso.


Creio que as pessoas estão muito presas ao tipo de enredo onde tudo acontece muito rápido. Onde o amor simplesmente surge e um não vive sem o outro. Talvez por conta disso, há quem nem sequer tenha finalizado Um Dia.

Emma e Dexter se conhecem e seguem suas vidas. Dexter vai conhecer o mundo e Emma vai atrás do seu sonho, trabalhar, encarar a vida real e tentar ser uma escritora. Começa desse ponto o grande diferencial do livro. Eles não permanecem juntos. Eles são independentes. Não há nada de patológico ou exagerado na relação dos dois.

Ele parece ter a vida ganha, enquanto ela precisa ganhar a vida.

Sei que a impressão que dá é que você irá ler sobre aquela velha história de opostos que se atraem, passam por dificuldades, mas no final ficam juntos. Só que não é nada disso. O que você de fato irá ler, é sobre duas pessoas que crescem, erram, acertam e amadurecem. Duas pessoas, não um casal.

Dexter e Emma vivem altos e baixos separadamente. No melhor e no pior, um sempre pode contar com o outro. É em Emma que Dexter pensa quando a vida vai mal e quando vai bem. O fato de o autor ter separado os capítulos da forma como expliquei ali em cima, faz com que o leitor possa perceber nitidamente as mudanças dos dois protagonistas. Nós observamos Dexter ir do topo ao fundo do poço e em como essas mudanças afetam o nosso protagonista masculino que no inicio era um riquinho apresentador de um programa, e depois o homem que vai sendo esquecido pela mídia e pelas amizades fúteis. E claro, temos também o homem que ele se tornou após 20 anos. Enquanto ele passa por tudo isso, Emma vive uma vida medíocre, com trabalhos medíocres e relacionamentos que você não entende como ela consegue sustentar. Dexter começa sua vida do topo esperando continuar no topo, mas que acaba sofrendo um declínio imenso pra ele conseguir se reerguer aos poucos. Em contrapartida, Emma começa sua vida do nada e aos poucos, pedra por pedra, constrói tudo que sempre sonhou. Mesmo começando de lugares opostos, ambos vivem uma montanha russa até chegar aos 40 e poucos anos, que é quando a leitura chega ao fim. E ao longo desses vinte anos, a relação dos dois também sofre altos e baixos. Há épocas em que são melhores amigos, outras em que nem se falam.


Emma Morley é uma das protagonistas que eu mais amei, perdendo, talvez, apenas para Scarlett O’Hara (... E o vento levou). Por mais que ela tivesse milhões de defeitos que eu costumo abominar numa mulher, o autor conseguiu captar os sonhos e inseguranças femininas de uma maneira singular, sem tornar a personagem irritante. Eu, que me vejo tão diferente da Emma, ainda assim me identifiquei com ela.
Dexter Mayhew era no inicio o tipo de homem que te dá nos nervos. Sua autoconfiança o tornava narcisista, egocêntrico, metido e milhões de outros adjetivos. Ele era um completo babaca em várias situações e durante vários anos. Precisou levar muita queda na vida pra se tornar um homem merecedor do amor de Emma. Mas eu confesso que mesmo nas piores fases dele, o cara ainda conseguia ser apaixonante.

“Acho que você tem medo de ser feliz, Emma. Parece que pensa que o caminho natural das coisas na sua vida é ser triste, sombria e macambúzia, e odiar seu emprego, odiar o lugar onde mora e não ter sucesso nem dinheiro, e Deus a livre de um namorado (e uma pequena digressão aqui: esse negócio de não se achar bonita está ficando meio chato). Na verdade vou mais longe: acho que você gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil, não é? O fracasso e a infelicidade são mais fáceis, porque você pode fazer piada com isso.”

Talvez eu tenha amado tanto por ter me visto na Emma. Acho quase impossível alguém que não se identifique com Em e Dex. Como eu disse no inicio da resenha, é mais do que uma história de amor. É sobre sonhos, relacionamentos, esperanças, decepções, erros e acertos. Quem não pensa, aos 20 anos, que vai terminar a faculdade dos seus sonhos, arranjar um emprego, ganhar dinheiro, casar, ter filhos, netos, bisnetos e morrer em paz? E quem não chegou aos 40 anos e descobriu que sua vida foi totalmente diferente daquela que você tinha planejado? Que você se apaixonou quando não era pra se apaixonar e teve filhos na hora errada e o dinheiro faltou e o emprego está longe de ser o dos seus sonhos. Muitas coisas acontecem diferentes do planejado e muitas coisas não acontecem. Há quem tenha tido uma vida melhor do que a que esperou ter e outras que se decepcionaram. Um Dia retrata a realidade de muita gente na pele dos dois protagonistas. E o romance? É lindo, é fofo e eu amei, justamente por ser bem realista. Por não ser meloso, por Emma não ser histérica, por Dexter que mesmo sendo otário e cheio de defeitos, ainda conseguir ser cativante. Mas amei, principalmente, por ser um amor bem construído, por ter uma base sólida na amizade e companheirismo.

“— Dexter, eu te amo muito. Muito, muito, e provavelmente sempre amarei. — Os lábios dela encostaram no rosto dele. — Só que eu não gosto mais de você. Sinto muito."

O livro é narrado em terceira pessoa e não é aquele tipo de leitura que vai te prender facilmente, porque o ritmo do autor é mais lento. Creio que isso influencie algumas pessoas a desistirem, mas não desistam! O melhor é a mensagem. Não foquem tanto no romance. É uma história de amor com muito mais a dizer do que simplesmente falar de amor.

Quase esqueço de comentar sobre a adaptação cinematográfica. Como fã de filmes de romance, água com açúcar e comedias românticas, é lógico que eu amei o filme, principalmente por ser fiel.


Sobre a diagramação, achei tudo perfeito.


Portanto, eu recomendo muito! 

Por: Mar

Um comentário:

  1. Olá!
    Bem, não vi o filme nem li o livro ainda, mas gostei bastante da resenha, e vou dar uma chance. Parece ser bem diferente, já que o romance não é o foco principal, fiquei curiosa =D

    http://boombacereja.blogspot.com.br/

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